Desculpa a pergunta, mas é comum um menor de idade precisar ligar para a polícia mais de uma vez antes mesmo de completar 18 anos? Se sua resposta for sim, te convido a continuar lendo meu relato.
Primeiro fato estranho relacionado a polícia que enfrentei antes dos 18;
Sempre soube, pelos comerciais, que se caso eu precisasse da ajuda da polícia o número para o qual eu deveria ligar seria o 190, pois bem, aqui na minha cidade não é para esse número que você precisa ligar para receber atendimento, soube disso aos meus 16 quando precisei ligar e fui informado, por uma atendente, que o número que eu deveria ligar seria 9924****, pois aqui na minha cidade o número era esse, ok, estranho mas ok.
Violência doméstica talvez seja muito comum para todos, comigo não é nem um pouco diferente, é um assunto delicado e pretendo desenvolver isso quando tiver mais capacidade para escrever sobre, pois até agora me sinto culpado e silenciado para desenvolver sobre tal assunto. Sinto inveja dos militantes do movimentos negros e lgbtts, eles são muito corajosos de enfrentar os seus opressores, quando você é um militante a respeito da violência doméstica/familiar é difícil postar textão sobre sem ser notificado por um de seus familiares te chamando para conversar e te acusando de vitimismo, mas deixe-me pular essa parte e voltar ao relato policial um tanto quanto estranho que me aconteceu hoje pela noite.
Precisei de ajuda policial porém como disse o número a ser ligado não era 190 e eu não possuía créditos na operadora para fazer a ligação para o numero normal que me haviam dado há dois anos, também porque já tinha perdido esse número, a delegacia é perto então resolvi ir até lá movido pela indignação que venho carregado há anos. Subindo a pequena e estreita escadaria avisto logo de cara a pequena delegacia vazia, porém assim que piso nos últimos dois degraus ouço um assobio, olho para trás e vejo um homem fazendo menção com a cabeça de “olá, sei que deveria estar fardado e no atendimento policial dentro da delegacia ao invés de estar sem farda e fazer o atendimento aqui fora mesmo” mas tudo que ele disse foi “qual o problema”, expliquei minha situação e foi informado que para tal ocorrência eu deveria estar com certo documento em mãos, expliquei que o documento estava em casa e em algum lugar guardado pela minha mãe, porém que se chegassem até minha casa o documento seria apresentado.
Parte emocional por parte do policial:
“Ele é seu pai”, “A vítima é sua mãe e nem ela mesma prestou queixa (isso, mesmo depois de eu ter explicado que também sou vítima, fui ameaçado de morte)” “Olha a hora, ele seria preso agora”, “Ele é seu pai”, “Olha a hora”, “Ele é seu pai”...
Minhas perguntas:
Então vocês só vão caso alguém esteja machucado? O funcionamento aqui não é 24 h? Qual o seu nome? Você trabalha aqui esse horário?
As respostas do policial respectivamente às minhas perguntas a cima foram:
“Não, não é assim, você não entendeu”, “Sete dias por semana e vinte quatro horas por dia”, “Não, (se negou sutilmente a dar o nome) não é assim”, “trabalho aqui o dia todo”.
Narradas as perguntas e as respostas, voltamos á situação...
Depois de ter me informado que, como eu estava sem documento, eles não poderiam descer para fazer a ocorrência, eu teria que ligar para o batalhão, pedi o número, anotei e salvei na agenda, abri o bloco de notas do celular no momento em que que perguntei o nome do policial, ele chegou mais para o meu lado e espiou a tela, ele a viu em branco e perguntou se eu não havia anotado o número do batalhão, eu o disse que tinha salvo na agenda e que abri o bloco de notas para anotar o nome dele, porém estava sem nada escrito pois ele não havia me dado seu nome, ele pôs a mão sobre a minha na qual estava segurando o celular e virou a tela para ele, ele perguntou oque eu estava fazendo com o celular na mão e em seguida retirou o celular gentilmente da minha mão, ele não pediu licença e desceu a Barra de notificações, quase disse, “não se preocupe, não estou gravando nada e não irei relatar o atendimento indevido e a falta de fardamento de vocês” porém, apenas peguei meu celular novamente e comecei a fazer menção de ir embora, ele me aconselhou a procurar um advogado para minha situação e ademais coisas.
Oque eu esperava que acontecesse realmente:
“Olá, tenho uma ocorrência, ELE (aka meu pai) está infligido uma restrição de afastamento da minha casa, poderia me acompanhar até lá e recolhe-lo?”
“Sim, claro, vamos, está com o documento de restrição?”
“Não, está em posse da minha mãe, que o deixou entrar, mas ao chegar lá e solicitar ela vai entregar.”
“Ok, vamos.”
Um fato durante o acontecimento que me enfureceu porém manti a calma:
Mesmo depois de explicar que ELE não morava na minha casa e que ele não poderia entrar lá, o policial se referiu a ele da seguinte maneira, [...] teríamos que tirar ele da casa dele [...].
Acho que descobri porque reclamam tanto da demora da viatura policial chegar ao local da ocorrência aqui em Santana do Ipanema - Alagoas, provavelmente, é porque os policiais tem que vestir o fardamento antes de sair para uma denúncia.